
Novo estudo associa consumo moderado de café a marcadores de envelhecimento, e nutri explica quando a bebida pode ser uma aliada da saúde
O consumo moderado de café tem sido cada vez mais associado a benefícios à saúde, e um novo estudo publicado na BMJ Mental Health sugere que a bebida pode até estar relacionada a telômeros mais longos, um marcador biológico do envelhecimento. Para entender melhor esses achados, conversamos com a especialista Daniela Zaminiani, nutricionista com foco em café.
Segundo a especialista, o estudo reforça algo que a nutrição já observa na prática.
“O café é uma bebida complexa do ponto de vista nutricional e, quando consumido com moderação, já se associa a desfechos metabólicos positivos. A relação com telômeros mais longos sugere uma possível atuação em processos celulares ligados ao envelhecimento, embora ainda não possamos falar em causalidade”, explica.
Estresse, inflamação e envelhecimento acelerado
Daniela destaca que pessoas com transtornos psiquiátricos tendem a envelhecer biologicamente mais rápido por uma soma de fatores.
Estimula a produção de ácido no estômago e as contrações intestinais, auxiliando na digestão
“Há maior carga de estresse fisiológico, alterações no padrão alimentar, consumo elevado de ultraprocessados, irregularidade de refeições e sono inadequado. Tudo isso favorece inflamação metabólica e cria um ambiente menos favorável à manutenção celular.”
Por que o café pode ajudar
O possível efeito protetor do café estaria ligado principalmente à sua ação antioxidante.
“O café é uma das maiores fontes dietéticas de antioxidantes na alimentação habitual da população. Ao reduzir o estresse oxidativo sistêmico, ele pode contribuir para um ambiente celular mais estável, ajudando a preservar estruturas como os telômeros.”
Ela ressalta que os benefícios não vêm da cafeína isoladamente.
“O café deve ser entendido como um alimento funcional complexo. Compostos bioativos como polifenóis e ácidos clorogênicos parecem ter papel mais relevante do que a cafeína sozinha.”

A importância da dose certa
O estudo aponta benefícios no consumo de 3 a 5 xícaras por dia, mas não acima disso — algo comum em nutrição, segundo Daniela.
“Existe uma faixa em que o alimento exerce efeito positivo. O excesso pode aumentar cortisol, prejudicar o sono e gerar estresse metabólico.”
O principal risco do consumo exagerado, explica, está no impacto indireto.
“Quando o café passa a mascarar fadiga e privação de sono, favorece inflamação crônica e desequilíbrios metabólicos. O café não é vilão; o problema está na falta de ajuste das doses.”
Sono: o ponto de equilíbrio
A nutricionista é categórica ao afirmar que o sono pode anular qualquer benefício.
“Se o café compromete o descanso, ele pode reverter os efeitos positivos associados aos antioxidantes. Isso ocorre especialmente quando consumido em horários inadequados ou em grandes quantidades.”
O café pode melhorar o humor, reduzir o risco de depressão e ter efeitos neurológicos benéficos
Como consumir café de forma saudável
De forma prática, Daniela recomenda:
- consumo preferencial até o início da tarde;
- atenção à tolerância individual;
- evitar bebidas adoçadas ou com excesso de ingredientes calóricos;
- optar por métodos simples, como café coado ou espresso, que preservam melhor os compostos bioativos.

Alguns perfis exigem cautela.
“Pessoas com insônia, ansiedade ou refluxo devem observar melhor quantidade e horário. Ajustar o consumo costuma ser mais eficaz do que seguir uma recomendação genérica.”
Café não age sozinho
“A longevidade não depende de um único alimento. O café pode ser um aliado quando consumido com equilíbrio e dentro de um padrão alimentar saudável. Ele soma benefícios, mas não substitui pilares essenciais como boa alimentação, sono adequado e rotina equilibrada.”
Outros hábitos também impactam a saúde dos telômeros.
“Uma alimentação rica em vegetais, frutas, fibras e antioxidantes, além de regularidade alimentar e sono de qualidade, é fundamental para a saúde celular.”
A cafeína aumenta a alerta, foco, concentração e disposição, melhorando o desempenho em treinos e tarefas diárias
Limitações e cautela científica
Daniela lembra que o estudo tem limitações importantes, como autodeclaração do consumo, ausência de detalhes sobre tipo e preparo do café e medição única dos telômeros. “Esses fatores impedem conclusões definitivas sobre causa e efeito.”
Por isso, ela reforça que ainda é cedo para afirmar que o café faz alguém “envelhecer mais devagar”.
“Precisamos de estudos longitudinais, com maior controle sobre o consumo e o contexto alimentar como um todo.”
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Fonte: www.metropoles.com




